Repleta de mistérios, esta peça tem como cenário uma ilha habitada por um poderoso feiticeiro em busca de vingança. Embora seja um dos textos mais breves do autor, sua trama é cheia de reviravoltas que abordam os temas universais da liberdade e do perdão. Considerado o último texto escrito pelo lendário William Shakespeare, A tempestade segue provocando interpretações radicalmente diversas, que vão da releitura fantástica de Neil Gaiman, passando pela psicanálise e chegando ao feminismo pós-colonial de Silvia Frederici. Em uma ilha desabitada que pertencia a uma velha bruxa, Próspero, o antigo duque de Milão, provoca uma tempestade sobrenatural que naufraga o navio onde se encontra seu irmão, que lhe usurpou o título real. É o primeiro passo de um projeto de vingança que sofre diversos imprevistos - em parte graças à figura misteriosa de Calibã, um dos personagens mais instigantes do autor. Escravo deformado, filho da bruxa que governara a ilha, seu ódio pelo duque é interpretado pelos críticos contemporâneos à luz da revolta dos povos colonizados. A tempestade evoca tanto discussões extremamente atuais sobre a relação entre os seres humanos e a natureza, que segue misteriosa para os olhos científicos e desencantados do homem ocidental, quanto questões de disputas políticas, desforra e até uma história de amor temperada pela magia, mantendo um movimento constante no enredo e divertindo os leitores de todas as épocas. A tradução do premiado José Francisco Botelho valoriza a métrica, dando características oratórias diferentes a cada personagem e reconstruindo o marejar das ondas que circundam a ilha onde se passa a ação. Ao mesmo tempo, sua fluidez e clareza oferecem um Shakespeare acessível para leitores de todas as idades e para aqueles que nunca leram uma obra do autor. A magia em A tempestade é real (...) O livro traz muitas questões sem resposta. - Margaret Atwood Uma obra que apela à imaginação.- Samuel Coleridge