Franceses no Brasil reúne as impressões de viagem legadas por três visitantes estrangeiros que passaram pela cidade do Rio de Janeiro entre 1817 e 1828, entre o término do denominado Período Joanino (1808-21) e os anos iniciais do Império. Os três permaneceram pouco tempo no Brasil e conheceram somente a capital, mas desfrutaram de ampla liberdade de circulação, foram acolhidos pelos habitantes locais e tiveram o apoio de conterrâneos já instalados no país. O primeiro a desembarcar foi Jacques Arago (1790-1854), que permaneceu na cidade por cerca de dois meses: passeou pelas ruas e arredores, frequentou a melhor sociedade, fez amizades e retornou outras duas vezes. O relato que deixou dessa sua visita de 1817, em forma de cartas, mostra um observador arguto, por vezes crítico - sobretudo em relação à escravidão -, mas bastante simpático ao país e a sua gente. O segundo, Jean-Baptiste Douville (1794-1836), é o que mais tem o perfil de um "aventureiro". De passado obscuro e vida incerta, o francês já perambulara por outras partes do mundo. Ao desembarcar no Rio de Janeiro, em 1827, montou um negócio e envolveu-se em uma confusão, passando uma temporada na prisão da cidade - que, naturalmente, não descreve com simpatia ou entusiasmo. Apesar disso, voltou ao Brasil em 1833, acabando por encontrar a morte nas margens do rio São Francisco, pelas mãos de um matador de aluguel. Victor Jacquemont (1801-32), o mais renomado dos visitantes reunidos em "Franceses no Brasil", esteve no Rio de Janeiro por pouco mais de vinte dias, narrados em meia dúzia de cartas escritas a amigos e parentes na França. Nelas, a partir das poucas e imprecisas informações que conseguiu recolher, traça um quadro extremamente pessimista da situação política e social do Brasil e das antigas colônias espanholas da América do Sul, àquela altura em pleno processo de independência. Lidos em sequência, esses relatos dão ao leitor uma perspectiva colorida e variada do Rio de Janeiro e de seus habitantes, num período em que a cidade crescia em ritmo acelerado, abria-se aos estrangeiros e passava por mudanças expressivas no seu cotidiano.