Tenho ouvido eminentes professores de Gestalt-terapia, do Brasil e dos Estados Unidos, afirmarem que "sempre se diz que a Gestalt é política, mas ninguém pode saber exatamente o que isso quer dizer, ou como trabalhar a partir daí". Não posso concordar com isso, não aceito essa resposta. É evasiva, inibitória, sociolátrica. Serve para refrear o conflito, a agressão, a mudança. Se muitos colegas têm dúvidas sobre o que o axioma "a Gestalt é política" significa e de que forma orienta nossa clínica, então confio que este livro será de grande serventia. Aqui, colegas se põem a explicar, em ato, com suas vidas, em palavras cheias de excitamento, que Gestalt-terapia é essa - tão profundamente enraizada nas matrizes de pensamento que originaram a abordagem, e ainda assim completamente permeável aos pensadores que vieram depois e com quem compartilhamos este tempo histórico, este aqui-agora. Mas há algo mais: todos levam suas vidas a ouvir, acompanhar, tratar - são terapeutas. Suas reflexões, erigidas sobre grande rigor conceitual, só são possíveis porque estão ao lado dos que sofrem, dos que resistem, dos que claudicam, dos que criam, dos que vibram. Diogo de Oliveira Boccardi