Uma das grandes pretensões da cultura de generalização contemporânea é a de supor que é possível engendrar um plano ou uma super equação capaz de resolver todos os problemas de determinada natureza. Mas a vida em família não é resultado de fórmulas. Quando um casal se vê diante de uma crise no relacionamento e se dispõe a buscar acompanhamento clínico, seu caso é singular, único, assim como deve ser a escuta e o acompanhamento do analista. A proposta das organizadoras de Laços possíveis: experiências clínicas com casais e famílias é apresentar e compartilhar diferentes modalidades de intervenções clínicas, fundamentadas por diversos recortes teóricos e técnicos de autores com experiência ampla e reconhecida. O objetivo é viabilizar a ampliação de caminhos para a compreensão e condução de casos semelhantes, considerando o significativo aumento da demanda clínica, tanto institucional quanto privada. Com esta obra, tanto organizadoras quanto autores esperam contribuir para a formação de novos terapeutas de casal e família, bem como incentivar outros profissionais a escrever e compartilhar suas vivências, dificuldades e olhares teóricos clínicos acerca dessa temática. Famílias e casais sempre existiram ao longo da História, compondo diferentes configurações. A loucura sempre existiu também, mas a doença mental é recente. Loucos e ladrões conviviam nas prisões da Idade Média, até que, na França, Philippe Pinel [...] separa os loucos dos delinquentes [...] e os confina em hospitais, como a Salpêtrière, em Paris. O estudo da doença mental tem seu marco inicial em 1801, com o "Tratado médico-filosófico sobre a alienação mental ou mania", de Pinel. Os casais e famílias, com suas insanidades, também são milenares, mas o estudo sistemático sobre eles é de início recente. [...] Todos os artigos do livro contêm casos clínicos, o que interessa ao principiante na área e também aos membros antigos desse nosso tema tão atual quanto interessante. Como em qualquer livro com vários autores, o leitor pode começar pelo início e galgar os temas propostos ou por qualquer artigo que lhe chame a atenção, posto que os temas não exigem leitura em sequência. - Mauro Hegenberg